quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

COLUNA BERIMBAU: Gustavo Scorpio na Off Club dia 11 de Dezembro



Fascinado por música, especialmente por sons sintéticos de bandas que fizeram da década de 80, uma das mais marcantes na história da música mundial, como Information Society, New order, Erasure. O DJ carioca, Gustavo Scorpio, tem um grande diferencial, a produção musical. Com tracks invejáveis, explorando novos elementos em cada uma delas, torna-se difícil encontrar alguma semelhança entre uma música e outra. Dentre as minhas preferidas estão: Glow e Wet Dance.


Com um feeling apuradíssimo, o DJ foi até o México, representar o Brasil em uma mini turnê por lá, quebrou tudo, e afirmou seu trabalho na cena latina, onde já era muito bem reconhecido. Na próxima sexta, dia 11 de Dezembro, você vai poder conferir o som de Gustavo no pistão Off Club (consulte o site da casa: www.offclub.com.br) na festa G.L.A.M. BEATS. Pisando pela 1ª em vez em solo baiano, esse grande referencial da cena GLS brasileira, cheio de personalidade, senso crítico e profissionalismo, bate um papo comigo sobre sua carreira, produções musicais, cena latina, entre outros assuntos...Confira!


Vanessa Müller: Como foi o desenvolvimento da sua carreira de DJ na cena carioca?

Gustavo Scorpio: Sempre gostei de música desde criança e mais tarde, especificamente, da eletrônica. Não somente da que se faz hoje, mas desde as bandas que usavam sons sintetizados já nos anos 80, passando pelo house old-school no finalzinho dos 80, dance nos anos 90 até as mais atuais.

Com a ajuda da internet comecei a baixar músicas apenas por curiosidade e como grande fã e clubber que sempre fui. Até que me apaixonei pela House e sabia que tinha encontrado meu estilo. Comecei junto com o público, na pista, encantado com o trabalho dos DJs e passei a pesquisar apenas como colecionador. Em 2001 a paixão falou mais alto e resolvi fazer um curso para aprender a tocar.


Quando você entra no mercado acaba sendo conhecido por vários DJs que já estão na cena. Uns reconhecem teu valor e te ajudam. Outros tem medo de que você entre no mercado que já é restrito, mas só o tempo e o conhecimento musical faz você ganhar o respeito. O que era
curiosidade virou hobbie e hoje em dia é profissão.


Logo depois me aventurei em um mercado que ainda não era muito procurado mas que hoje está sendo buscado a todo custo por quem quer um upgrade na carreira: o da produção. Isto foi o que realmente me fez aparecer em meio a tantos outros DJs que surgem a toda hora na cena. Há uma falsa impressão atualmente de que todo DJ tem que produzir ou que é o único futuro na carreira, o que está gerando uma procura desenfreada e uma falsa idéia de que é um caminho fácil. A produção é uma carreira completamente diferente que exige muitos anos de aperfeiçoamento e muitas horas por dia de estudo, além de um investimento financeiro pesado em equipamentos e software. Nada aconteceu em apenas alguns meses, falamos aqui de anos e somente depois de amadurecer muito neste mercado eu ganhei qualidade no trabalho e respeito tanto no Brasil como fora.



VM: A cena GLS mexicana está bem próxima da brasileira, visto que, muita coisa produzida por aqui é reproduzida por lá, bem como a exportação de alguns DJs para apresentação em turnês e afins. Entretanto, você difere os dois países em apenas uma característica: a cena latina é mais aberta à novas tendências do que a nossa. A que você atribui essa deficiência aqui no Brasil? Podemos falar que é devido a rótulos adquiridos por alguns clubes, levantando uma única bandeira de vertente para seu público, acostumando-os com esse tipo de cultura?

GS: Obviamente eu só conheci grandes clubes no México. Não levam um DJ internacional para tocar nos guetos, o que influiu nesta minha visão sobre o país. Em termos musicais, ambos gostam de uma pegada mais forte, mais cheia de energia. Por isso os DJs daqui fazem sucesso por lá e vice-versa, mas existe uma mistura de fatores que determinam esta visão mais restrita no Brasil, musicalmente falando. Isso não quer dizer que somos mais ou menos cultos ou evoluídos, apenas que estamos menos abertos a novidades. Lá eles ouvem mais coisas diferentes do comum e você é um bom DJ se conseguir fazê-los dançar. Aqui muitas vezes somos "obrigados" a tocar músicas duas ou três vezes na mesma noite só porque é o hit do momento que faz as pessoas dançarem.

Os clubes certamente formam rótulos e levantam a bandeira de um estilo de comportamento e de freqüentadores, formando um tipo de "cultura" envolvida em torno do seu nome e isso influi diretamente no estilo musical. Quase toda cidade tem divisões de clubes só pras pessoas "finas", clube com "bate-cabelo", clube dos mais "bonitos", clube dos "suburbanos", da "bagaceira", etc. Isso rotula e limita a experiência que as pessoas vão ter na noite.

Também tem o fator ligado ao trabalho dos DJs, que pra mim é o principal. Os DJs são os responsáveis por ditar o que toca na pista e o que as pessoas vão conhecer, portanto se não pesquisam, não lançam tendência, apenas copiam o que toca na rádio ou o que ouvem outros DJs tocarem vira tudo receitinha de bolo. Ainda bem que atualmente a internet está popularizando a música e eles estão tendo que se mexer. As vezes é falta de informação, as vezes é medo de arriscar, as vezes é pura preguiça. É muito fácil só tocar o "básico", hits que faz as pessoas pularem a noite toda e sair aclamado como o melhor DJ da noite já que as pessoas acabam acostumando a ir pra boate ouvir aquela listinha de músicas e pronto. Se for pra ouvir listinha de música que eu ouço no meu MP3 player ou então na rádio eu prefiro ficar em casa. Se saio e vou a um clube, quero ser surpreendido e esse é o trabalho do bom DJ. Ao contrário do que muitos produtores que estimulam a mesmice acham isso faz com que as pessoas retornem no próximo fim de semana e a noite não caia na mesmice.



VM: Como lidar com “o entendimento daqueles que pensam que os produtores tem total obrigação em publicar seus remixes, quando se trata apenas de uma cortesia”? Explica-se tal ansiedade?

GS: Imagine um escritor que sai distribuindo cópias do seu livro antes de publicá-lo, imagine um chefe de cozinha que cria uma receita e publica na internet antes mesmo de servir em seu restaurante. Imagine um cirurgião plástico que expõe toda a sua técnica publicamente para que qualquer outro médico possa executá-la. Uma gravura de Rembrandt não valeria tanto se não fosse tão exclusiva. Como eu já citei anteriormente produzir não é um trabalho que se faz em algumas horinhas e pronto. Envolve estudo, envolve equipamento, tempo e inspiração. Depois de todo este trabalho, como eu não ganho diretamente nada por isso, acho que eu tenho minimamente o direito de usufruir da minha obra pelo tempo que eu achar necessário. De que adianta contratar um DJ do Rio de Janeiro se qualquer DJ pode tocar a mesma coisa? Eu preciso ter um diferencial, eu faço músicas exclusivas para enriquecer o meu set, as pessoas me cobram isso quando eu vou tocar pelo fato de eu ser produtor, os clubes pagam para que eu faça isso e se eu levanto a bandeira da novidade eu acho que o mínimo que eu posso fazer é oferecê-la.

Acho que faz parte lidar com várias situações simplesmente pelo fato de estar em evidência na cena, é um preço a se pagar. As pessoas me pedem músicas com os mais variados pretextos e eu tento ser o mais cortês possível apesar de em alguns momentos não receber a mesma
cortesia em troca. Alguns entendem os meus motivos, sabem que eu estou compartilhando a música por um ou mesmo se não entendem ao menos respeitam, mas outros realmente passam dos limites, são grossos, querem dar lição de moral, ou até mesmo apelam pra baixaria, dizem que vão me "queimar", que eu sou "estrela" ou "mal agradecido" quando não
vem coisa muito pior.

Obviamente eu também não guardo uma música pra sempre. Na medida que vou fazendo novas músicas eu vou divulgando as mais antigas para que outros DJs possam tocar. Eu reconheço que o fato de liberar músicas me ajuda, pois faz meu nome ficar mais conhecido em lugares onde eu nunca fui e também me da um prazer pessoal muito grande ouvir uma música minha na pista, é como um filho da qual eu tenho muito orgulho e por este motivo eu libero as músicas pra que outros DJs que são fãs do meu trabalho possam multiplicá-lo já que eu tenho um carinho e agradecimento muito especial a todos eles. Os que apenas querem aparecer à custa do meu trabalho me dão dor de cabeça e acham que eu tenho alguma obrigação, os verdadeiros fãs do meu trabalho sabem esperar e ficam felizes quando compartilho minhas músicas e é por estes que eu continuo a compartilhá-las.



VM: Sua carreira de DJ teve grande influência da pesquisa musical. Você acredita que todo bom formador de opinião deve sim, ter noção de discotecagem e deve ter também o acompanhamento de produção musical?

GS: Imagina se eu como DJ fosse comentar sobre vinhos a besteirada que poderia sair? Eu não preciso trabalhar numa vinícola, mas definitivamente eu tenho que entender de vinhos. Eu acho que você deve ter entendimento sobre tudo sobre o que você se dispõe a falar, mesmo que nunca tenha feito ou pretenda fazer. Se eu vou comentar sobre música eletrônica, eu tenho que conhecê-la. O público em geral não precisa ter noção de nada, apenas estão ali pra aproveitar e curtir boa música, já que tem um especialista, supostamente o DJ, sendo pago pra isso. Eu posso ter opinião pessoal sobre o assunto a vontade, agora se eu estou disposto a ser um formador de opinião eu tenho que conhecer sobre o assunto que estou falando. Eu vejo muita gente inventando nome de estilo musical e associando a DJs que não passam nem perto ou mesmo comentando sobre a técnica sem nem saber o que o DJ está fazendo.



VM: Embora seja sua 1ª tocada aqui na cidade, seu trabalho é muito bem reconhecido por aqui. Prova disso é a ansiedade do público com a sua chegada e a valorização dos DJ's locais quando se fala em Gustavo Scorpio e suas produções. Você tem algum feedback sobre a nossa cena? Algum DJ mantém essa ligação contigo, entre Salvador e RJ?

GS: Essa é uma das bênçãos que a produção me proporciona, eu não chego em nenhuma cidade como um desconhecido. Mas com todos este "poder" vem uma grande responsabilidade. Faz parte do meu trabalho além de pesquisar música, que é o resultado final, um dever de casa extra que é pesquisar também a cena local, principalmente quando é a minha primeira vez.

Como eu costumo dizer: o bom DJ la na cabine só faz figuração, porque o verdadeiro trabalho do bom DJ é muito antes. Conheço por alto alguns DJs da cena baiana mas mantenho um contato mais freqüente com o DJ Berns que foi quem me orientou sobre o que acontece musicalmente em Salvador e confesso que fiquei positivamente surpreendido com algumas peculiaridades e influências musicais bem difundidas por aí.





segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

E-music na virada!


Para quem curte e-music, sair de Salvador já não é mais a pedida. Pipocam festas interessantes pela cidade. Já confirmadas temos a Platinum White Party, Reveillon Encontro das Águas e Reveillon Gengibre. No site do Dendê, a partir de dia 11 , daremos todas as infos possíveis para que você escolha e receba o 2010 em ótima vibe!